-=: Military Papa :=-
:: Friday, February 27, 2004 ::
Continuando com o esboço... a próxima parte segue abaixo:
Na fase inicial da guerra aérea no Vietnã, os americanos, encontravam-se então, concentrados em uma campanha de interdição ao fluxo de suprimentos de guerra que entravam do Vietnã do norte oriundos depaíses do bloco comunista e que saíam do Vietnã do norte rumo às guerrilhas vietcongues no sul. Essa campanha era chamada de Rolling Thunder e era sujeito à severas restrições operacionais devido à fatores puramente políticos.
Nessa campanha foi adotada uma política de micro-gerenciamento dos alvos que pudessem ser bombardeados, chegando ao ponto de o p'roprio presidente americano (Lyndon B. Johnson) ter que aprovar cada alvo a ser bombardeado.
Mesmo assim, os alvos mais importantes eram bombardeados por último, pois foi decidido (politicamente, claro) que a resposta americana seria gradativa, ou seja, se era decidido que vias férreas norte-vietnamitas seriam bombardeadas, então inicialmente seriam bombardeadas vias com muito pouca importância estratégica, como se estivesse sendo mandado um aviso aos norte-vietnamitas e depois, caso a postura do governo norte-vietnamita não mude, então alvos desse gênero que fossem um pouco mais importantes seriam atacados e assim por diante até que se atingisse alvos realmente importantes como entroncamentos ferroviários e estações de carregamento de suprimentos.
Toda essa política gerava não apenas problemas da ordem operacional, mas como graves desentendimentos dentro da cadeia de comando entre os comandantes de quadrões de caça no campo e os integrantes do alto comando.
Existiam, porém, ainda mais restrições impostas por motivos políticos que afetavam seriamente o andamento das operações, a segurança das mesmas e a moral das tripulações. Um exemplo disso foi quando do surgimento da primeira bateria de mísseis superfície-ar no Vietnã do Norte em 1965. Os mísseis foram fotografados por aviões de reconhecimento da Força Aérea Americana e identificados como os SA-2 "guideline" de fabricação soviética. Imediatamente após essa descoberta, essa bateria foi inclusa na lista de alvos sugeridos para aprovação do alto-comando, antes que os mísseis se tornassem operacionais. Lyndon Johnson considerou que os norte-vietnamitas estavam blefando, mas se os americanos os atacassem isso seria visto pelo bloco soviético como uma provocação e foi decidido, então que os pilotos americanos ficariam proibidos de atacar as instalações de mísseis anti-aéreos caso as avistassem. Dois meses depois os SA-2 fizeram sua primeira vítima e derrubaram um A-4 da Marinha Americana. O governo foi forçado a repensar sua decisão e foi decidido que os pilotos poderiam atacar as baterias apenas se atacados, ou seja, eles poderiam apenas revidar fogo, o que, geralmente era muito tarde e ineficaz.
Com o passar do tempo, as restrições da Rolling Thunder foram mudando conforme a necessidade, e no caso específico dos mísseis superfície-ar, foram inventadas inúmeras táticas para se conter e anular essa ameaça. Pode-se dizer que muito do que existe hoje de contra-medidas eletrônicas foi aperfeiçoado graças à guerra aérea no sudeste asiático.
Assim como os mísseis superfície-ar e uma vasta gama de radares para cobrirem todo seu espaço aéreo, os norte-vietnamitas também preparavam outra surpresa.
A Rolling Thunder teve oficialmente seu início no dia 2 de Março de 1965, e já no dia seguinte, uma força de quarenta e oito F-105D's atacaram uma ponte que havia sido atacada no primeiro dia da campanha. Além dos F-105, haviam também alguns F-100 Super Sabre voando em patrulha de combat para dar cobertura aérea aos atacantes e também trinta ou mais F-4B's da Marinha em conjunto com aeronaves de resgate prontas para entrarem em ação para resgatarem qualquer piloto abatido. Havia muita neblina entre 12.000 e 15.000 pés e todos os mais de oitenta aeronaves americanas envolvidas tentavam falar em uma única frequência de rádio, tornando a comunicação muito difícil. Quatro F-105 formavam uma das esquadrilhas do meio carregados de bombas Mk.117 de 750 libras e tanques extras de combustível nas asas. Quando eles chegaram na área do alvo eles encontraram toda a força de ataque concentrada num mesmo ponto, 'engarrafando' a corrida para o alvo. O comandante da missão instruiu esse vôo e mais dois outros vôos de F-105 a circularem por volta de dez milhas ao sul para que pudessem esperar sua vez de bombardear.
Quando as quatro aeronaves atingiram seu ponto de espera, orbitando à 15.000 pés na neblina o avião número 3 avistou duas aeronaves não identificadas mergulhando à uma distância de uma milha atrás dos F-105. Os F-105 carregados de combustível e bombas voavam muito devagar, aproximadamente a 325 nós, e logo o piloto do avião número 3 pode identificar os aviões. Eram dois Mig-17 e apesar dos avisos pelo rádio por parte dos pilotos do segundo elemento, os Migs passaram em frente aos F-105 do segundo elemento e abriram fogo à queima roupa contra os F-105 do primeiro elemento, acertando os dois aviões. Os Migs continuaram reto e desapareceram na neblina. Enquanto isso, um segundo elemento de Migs atacava o segundo elemento de F-105, que por sorte, avistou os Migs à tempo e se desviaram do ataque. Os Migs continuaram reto e desapareceram na neblina como o elemento anterior. Os F-105 do segundo elemento tentaram então encontrar os dois F-105 que haviam sido atingidos, mas ainda estavam voando. A número 4 acabou encontrando o número 2, mas por causa da neblina ele passou direto por ele e ao dar a volta, o número dois avisou pelo rádio que estaria ejetando. O número 4 ficou na área até ver o F-105 cair no mar e mais tarde uma tentativa de recuperar o corpo do piloto do avião #2 acabou falhando devido à densa neblina. Porém após se evadir de mais Migs, o piloto do avião número 3 finalmente achou o avião número 1, muito danificado, mas ainda voando. Os três subiram o mais alto que puderam e rumaram para Da Nang, no sul, onde poderiam fazer um pouso de emergência, mas infelizmente à 10 milhas da pista os controles do primeiro avião pararam de funcionar e ele foi forçado à ejetar, mas infelizmente o pára-quedas não abriu. Essas foram as duas primeiras vítimas da Guerra Aérea no Vietnã.
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Na imagem: Uma esquadrilha de F-105 Thunderchief atingem a usina de Viet Tri em 12 de Março de 1967 em uma pintura de Robert Taylor.
Como já pôde ser percebido os americanos ainda tinham muito o que aprender para que pudessem atacar alvos no Vietnã do Norte com alguma eficiencia. Tudo foi sendo consertado com o passar do tempo e exeperimentando com novas táticas e equipamentos, mas a doutrina principal da aviação de caça continuava a mesma, a qualidade das equipagens piorava cada vez mais. As baixas para os Migs passaram a ser muito elevadas. Em um determinado período de tempo as estatísticas da própria Força Aérea Americana constavam que os Mig-21 em particular, estavam abatendo 5 aviões americanos para cada Mig-21 abatido. Isso, era, para todos os padrões, resultados fatais, que se não fossem revertidos, todas as operações teriam de ser paralizadas. Com o tempo, e novas táticas e equipamentos de contra-medidas eletrônicas e embaralhamento de transmissões, esses números mudaram em favor dos americanos, mas para modestos 2:1.
Não eram apenas os americanos que tinham que constantemente mudar de tática. Os norte-vietnamitas também eram obrigados a inventar novas técnicas de vetoração para seus caças, novas técnicas de ataque às formações americanas que constantemente mudavam de tática de acordo com as baixas que iam sendo infligidas à eles.
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Na Imagem: Uma esquadrilha de F-100 Super Sabre
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Na Imagem: Um F-4B do grupo aéreo do USS Ranger vem para o pouso em uma base aeronaval no Japão em meados da década de 60
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Vou postar o resto depois... por enquanto é só. Dessa vez decidi incluir fotos dos aviões que foram mencionados nesse esboço. Depois incluo as figuras que realmente entrarão no artigo.
:: FOU ::
18:51
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